terça-feira, 27 de novembro de 2012

Seraphina by Rachel Hartman

Desde que me foi apresentada a fantasia urbana, mais precisamente, a partir da saga Sookie Stackhouse - Sangue Fresco em português - que me afastei da dita fantasia pura, ou fantasia épica, como queiram chamar.

Antiga fã incondicional de Juliet Marillier, dei por mim a preferir um mundo com vampiros a dormirem em caves, dragões conduzidos em limousines e com quartos à prova de fogo, feiticeiros incompatíveis com tecnologia moderna e shapeshifters mecânicas, com sentido de humor particular, e que usam carros em estado de decomposição avançado para provocar o vizinho lobisomem.

Talvez seja preguiça mental para imaginar mundos estranhos. Talvez seja a vertente de romance paranormal. Talvez sejam as cenas de sexo. Talvez seja a independência, ou capacidade de kick-ass da heroína da história. Talvez seja tudo isso e mais um par de botas.

E eis que aparece Seraphina, e pela mão de Rachel Hartman dou por mim a ser transportada para o reino mágico de Gorett, maravilhosamente construído, tendo como ponto central um tremido tratado de paz entre humanos e dragões, e uma conspiração para acabar com a dita paz. Fez-me pensar várias vezes em temas como a caça às bruxas de Salém, preconceito,  discriminação, xenofobia... enfim... medo do que é diferente, e perseguições para combater esse medo.

Pontos Positivos:
- O world-building
- A solidez da escrita
- As personagens - carismáticas, robustas, cumprem o seu papel na perfeição, levando o leitor a odiá-los ou acarinhá-los, consoante as acções que desempenham.
- Os dragões são seres extremamente matemáticos e organizados, em que a ordem das coisas é algo fundamental para o seu raciocínio lógico, não entendendo as emoções humanas, são considerados seres sem alma. Conseguem assumir forma humana, e, de acordo com as leis do tratado, são obrigados a usar esta forma em território que não seja seu, usando um sino ao pescoço, que permite que os humanos os conheçam. Este "usar" de forma humana traz como consequência estarem sujeitos às emoções, mas, como seres racionais que são, resolvem esse problema submetendo-se regularmente ao processo de excisão de memórias.
- A história - simplesmente fabulosa
- O jardim mental da Seraphina - a construção do mesmo está muito bem conseguida, e as várias camadas de protecção fazem lembrar o inception.

Pontos negativos:
- Os santos, ou melhor, o excesso deles.
- A auto-piedade da Seraphina
- A história de amor. OK, histórias de amor à primeira vista não são estranhas, mas esta tem a química dum copo de leite morno.
- Os poderes dos half-breeds. Não deixa de ser irônico que os offsprings de relações ilegais, acabem por ser mais poderosos do que os que lhe deram origem.
- A "submissão" dos dragões. Eu não percebo, a sério que não percebo. Como raio é que os dragões se sujeitam a serem humilhados - andar com um sino ao pescoço que nem leproso? A sério? - e a serem restritos por seres que em teoria são inferiores é algo que me transcende.
- O facto dos dragões arderem. E eu que pensava que pele de dragão era resistente a quase tudo, principalmente ao fogo, mas enfim...

O final deixou-me meio como o melhoral, mas curiosa com o futuro da história. Mais uma série a seguir.

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